TEXTO AUTORAL - SOU

Sou a navalha que corta a carne e faz sangrar. Sou a pétala de rosa que encanta e inspira. Outras vezes sou fel e espinho mas por hora quero ser brisa e leveza. Tem dias que me sinto como raio de sol que aquece o coração, e em outros, como onda que quebra no mar, forte e intensa. Gosto dos dias que sou vendaval e também dos que sou catavento. Em manhãs de primavera sou passarinho que voa livre e em noites de inverno sou o frio que arrepia a espinha. Nos dias de chuva e nuvens fechadas, sou o café quente que rasga a garganta e aquece o espírito, nas tardes de verão sou a água do mar que refresca o corpo e alegra o sorriso. Posso ser o que faz bem ao coração e o que despedaça as folhas. Sou real, e em outras vezes ilusão. Sou obstinação e um caminhar sem fim pelos trilhos do destino. Sou sonhos coloridos ou talvez gritos incessantes no silêncio escuro. Sou a poesia e a rima, outras vezes a falta de ritmo e o riso. Gosto de ser mutável, gosto de ser o mundo.

Juliana Meneses