Resenha "Os Contos de Beedle, O Bardo" Editora Rocco

Para quem é um amante da saga de Harry Potter, na minha opinião a melhor disparada de todas, a cada complemento lançado a história,  é como um presente da J.K. para nós.
Conforme diz nos livros da saga, "Os Contos de Beedle, O Bardo" são as histórias que os pais contam para os filhos com lições de moral, como nossos tradicionais contos de fadas. Harry e Hermione não tiveram a oportunidade de conhecer as histórias quando pequenos, já que viviam no mundo dos trouxas,  já Rony teve contato total e cresceu com sua mãe contando-as e recontando-as.
As histórias falam sobre caráter,  sobre como é difícil fazer sempre o certo e como a magia pode causar ou resolver problemas, depende da forma que for usada.
As bruxas dessas histórias são mulheres fortes e detentoras do seu destino, diferente da maioria das princesas tradicionais. Não ha necessariamente um final feliz, mais sim um grande impacto sobre as decisões que tomamos e como isso pode nos afetar.
No livrinho de J.K. que leva as histórias atribuídas ao bruxo Beedle, que não se sabe muito à respeito além de que viveu no século XVI, nasceu em Yorkshire, tinha uma bela barba e uma simpatia pela igualdade entre bruxos e trouxas; a última história é extremamente importante para o desfecho da saga. Todas as histórias tem comentários de Dumbledore.

Cinco histórias, sendo elas:
-O Bruxo e o Caldeirão Saltitante
-A Fonte da Sorte
-O Coração Peludo do Mago
-Babbitty, a Coelha e seu Toco Gargalhante
-O Conto dos Três Irmãos

Obs.: Contém spoilers, caso você queira conhecer as histórias do livro, conto abaixo um resumo de cada uma delas.

A primeira história fala sobre um bruxo e seu pai que moravam num pequeno vilarejo, onde todos os doentes vinham até o pai pedir a cura para sua panela da sorte (seu caldeirão, os vizinhos não sabiam sobre sua magia). Após a morte do pai e sendo bem diferente dele, o jovem bruxo não quis ajudar nenhuma das pessoas que continuavam procurando a ajuda da panela. A cada pessoa que ele negava, o caldeirão se rebelava contra ele jorrando todas as mazelas que ele poderia ter curado. Após não aguentar mais a panela que lhe importunava da pior forma, ele resolve ajudar a todos assim como seu pai fazia. Uma história sobre vencer o ego e o orgulho, assim como o sentimento de superioridade,  percebendo que ninguém é melhor do que o outro, e a dor de um pode ser a dor de todos.

Na segunda história havia uma fonte mágica da sorte onde uma vez ao ano um único felizardo realizava um pedido após banhar-se em suas águas.  No dia determinado centenas de pessoas se reuniam com o desejo de serem escolhidas. Na multidão três bruxas protagonizam a história. Asha sofria de uma doença desconhecida, Altheda tivera sua varinha e seus bens roubados e Amata fora abandonada pelo homem que amava;  elas concordaram em tentar chegar a fonte juntas. Amata acaba levando acidentalmente um cavaleiro triste e as companheiras se zangam pois isso diminuia suas chances.
Por fim eles seguiram os quatro a jornada até a fonte e passaram juntos por vários obstáculos, e durante o percurso os males das três bruxas foram curados, elas gentilmente deixaram o cavaleiro conhecido como azarado, se banhar;  ele mal acreditava como tinha sorte de ser o escolhido, os quatro levaram vidas prósperas e nunca desconfiram que a fonte não era encantada. Uma boa lição sobre cooperação,  confiança e determinação.

Em “O Coração Peludo do Mago" um jovem mago rico, belo e talentoso acreditava que o amor era algo tolo e que diminuia a dignidade. Ele resolveu nunca se apaixonar e para isso recorreu as trevas. À princípio, ele achou que estava acima de todos e aproveitava a vida ao máximo, mas quando descobriu que as pessoas sentiam pena dele, decidiu que casaria, não por amor, mas porque queria exibir uma esposa superior à de todos que conhecia.
Após achar a moça certa e cortejá-la, percebeu que ela era distante com ele, até que um dia ela lhe disse que era difícil crer que ele tinha coração; ele a leva a uma parte reservada do castelo e mostra numa caixa de cristal seu coração, ela muito chocada ao ver os pelos negros sobre ele, implorou para que ele o colocasse de volta em seu peito e ele o faz para agradá-la. Mas o coração após tanto tempo de exílio, tornou-se um selvagem e o homem descontrolado arranca o coração da moça, e ao perceber o que fez tenta se livrar do seu agora perverso coração, ao consegui-lo arrancar do peito, morre. O conto mais terrível, levanta a questão de nossos impulsos sombrios mais profundos, até onde podemos ir para conquistar algo e as terríveis e irreparáveis consequências das escolhas ruins.

Na quarta história, num reino distante o rei quer aprender magia e começa a procurar quem o ajude, os bruxos que viviam clandestinos, com medo de serem caçados não se candidatam, mas um charlatão querendo ouro e prestígio diz ao rei que pode ajudá-lo. Pouco a pouco ele ludibriava o rei, mas uma velha bruxa, lavadeira do castelo, viu uma "aula de mágica" e riu, o feriu o ego do rei que exigiu do charlatão que lhe fizesse conseguir se apresentar aos seus súbitos, e o ameaçou para caso ele tentasse fugir ou algo desse errado. O rapaz apavorado, acabou descobrindo a magia da velha e culpando-a de seu infortúnio acabou conseguindo sua ajuda. No dia da apresentação do rei, a bruxa de longe executou todas os feitiços fazendo o soberano e povo acreditarem, mas quanto ele tentou ressuscitar um cão e falhou o charlatão coloca a culpa na velha, dizendo que ela bloqueou sua magia. A bruxa consegue fugir e todos pensam que ela virou uma árvore e após derrubá-la ela gargalhando os faz acreditarem que estavam amaldiçoados e só jurando nunca mais perseguir os bruxos e construindo uma estátua de ouro da velha bruxa ficaram bem, eles cumprem o exigido. Na realidade a bruxa era animaga e havia se transformado numa coelha que saltitou feliz pars longe. A história mostra que magia tem limites e a morte é definitiva. Que a ambição cega os homens e o desejo de poder é algo muito perigoso.

O último conto e mais importante mostra a história de três irmãos que após usarem magia para atravessar um rio perigoso, tem um encontro com a morte, que se sente enganada por eles, mas oferece um presente a cada um pelo feito. O irmão mais velho pede uma varinha mais poderosa, capaz de vencer todos os duelos; o segundo pede o poder de restituir a vida; e o terceiro e mais sábio não confiou na morte, pede para sair dali sem que ela pudesse segui-lo.  O primeiro ganha a varinha das varinhas, o segundo a pedra da ressurreição e o terceiro uma capa da invisibilidade feita do tecido da capa da própria morte.
Após se separarem, o primeiro irmão procura uma antiga inimizade com sua nova varinha, após matar o adversário ele se gaba de ser o dono da varinha mais letal, na mesma noite, enquanto ele dormia, outro bruxo lhe cortou a garganta e roubou a varinha. A morte leva o irmão mais velho. O segundo irmão usa a pedra e ressuscita sua noiva morta antes do casamento, mas ao ver sua imagem triste por nao ser mais daquele mundo, ele se matou para juntar-se a ela. E assim a morte o levou também. Procurando o terceiro irmão por anos, ela nunca conseguiu encontrá-lo, apenas quando ele já idoso tirou a capa para presentear o filho. Seu encontro com a morte foi como à uma velha amiga.
Na moral da história vemos que a morte é algo inevitável que devemos fazer o máximo para adiá-la. Respeitando-a por ser um inimigo irreversível.
Na história da saga, os presentes da morte existem, embora ninguém tenha certeza sobre a origem reais; conhecidos por relíquias da morte, quem os possuir ao mesmo tempo seria o senhor da morte, algo que não se tinha certeza se era verdade, porém algo a ser impedido de acontecer a Voldemort.
O livro é um complemento brilhante a saga, com histórias preciosas, que elucidam a moral da vida real e ampliam o universo mágico.

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