Resenha "Verme" Editora Boêmia Urbana

 
Rino é um daqueles personagens realistas que parecem até um dos nossos amigos, seu jeito sincero, desleixado, grosseiro e arrogante (mesmo que sem pretensão de sê-lo), compõe uma figura muito humana e interessante, com defeitos e qualidades.  O escritor de trinta anos, que mora com os pais e vive da renda de um apartamento que herdou, tenta conquistar seu espaço ao sol e ser reconhecido por seu trabalho; após seu primeiro livro não ser bem sucedido como ele gostaria, ele busca inspiração na noite de Porto Alegre, em meio a rock, rum, amigos e sexo.
Sem rotina e muito livre, ele leva uma vida tranquila, sem grandes aventuras, busca inspiração nos pequenos momentos e carrega consigo um bloquinho onde anota o que pode virar uma futura inspiração para seu romance.
Uma personagem interesse é Diana, uma menina que ele conhece por intermédio de um amigo e começa um relacionamento amoroso, bem ao seu estilo, livre e sem grandes pressões, o que faz com que dê certo. Ela é espontânea, e com muita personalidade.
Retratando preconceitos e julgamentos sociais, o livro mostra como nossa sociedade julga quem tenta se desprender dos padrões impostos, Rino gosta do estilo de vida que leva, mas, por vezes, acaba se sentindo um verme pela forma que as pessoas o tratam por não ter um "emprego" ou por não ser uma pessoa "padrão".
O paradoxo que vive em seus pensamentos são outro ponto interessante, gostando da liberdade e sexo, e ao mesmo tempo, sente-se culpado sem saber se é "correto" determinado pensando ou comportamento, ele tenta confrontá-los de forma a tentar se conhecer melhor e conseguir viver melhor consigo.
Uma questão levantada é o que te faz ser você, ou você está sendo alguém apenas para satisfazer o social? Rino é alguém autêntico, e mesmo cheio de defeitos e não agradando à todos, é fiel ao seu eu.
A linguagem do livro é fluida, direta, crua e urbana; instiga a saber o que acontece com Rino em seguida.

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