Texto Autoral - Na penumbra da noite e das madrugadas

Nas madrugadas me sinto mais eu, nunca fui de ter insônia, não era meu corpo que precisava das madrugadas, era minha alma. Meu espírito clama pelo breu e liberdade que da noite. O sol se põe no horizonte e ganho vida como se as noites me alimentassem. Sinto a criatividade aflorar, e um não sei o que embebido de felicidade guia meus passos. Em meio aos cafés e cervejas que tomo depois das oito, sei que estou em mim. A noite é das festas e das baladas. Eu sou dos bares, dos livros e do cinema. Todos esses também são da noite. Na madrugada perneia o silêncio, gemidos e sussurros, onde ligo baixinho a vitrola que me faz companhia ao lado do gato, sempre fui da noite. 
Os bares em frente ao meu prédio nunca fecham antes das três, e ali da janela do meu quarto, a vida pulsa. Entre copos, garrafas, risadas e palavrões ouço o mundo girar, não me incomoda, pelo contrário, sempre foi nos bares da noite que me senti livre. Gosto de ver copo após copo o presente que se passa diante dos meus olhos, agora um tanto quanto comprometidos de sobriedade. Vejo a espontaneidade que se expõe após cada gole, e bebo a vida como se fosse o último momento.
Sigo, canto, bambeio entre a escuridão e meu ser que devora noites, sinto o frio na espinha e as gotas do sereno; sorrio, no frio também sou mais eu. O tilintar do teclado enquanto escrevo, me mostra um rumo que não sei se faz sentido, e as páginas secas dos livros que leio furiosamente elucidam o que devo saber. Cada gole da noite que desce pela minha garganta me induz ao próximo, me leva a mim.
Juliana Meneses 

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