Texto Autoral - Um Feriado

O sol raiou e clareou favelas, era assim todos os dias no Rio de Janeiro. Cada raio que invadia as casas, aquecia as almas já acostumadas ao calor, por mais que muitas não fossem suas fãs, o calor da cidade incendiava. A  cada manhã a efervescência tomava conta, gente para tudo quanto é lado, correria, falação; era o caos urbano em meio a natureza pulsante. A cidade maravilhosa camuflava cada dia menos sua podridão que era motivo de tristeza e vergonha para os cariocas que tanto a amavam. Os assuntos e o medo cresciam a cada instante, empurrando o amor de outros carnavais para o fundo da gaveta, onde nos fins de semana os moradores o tiravam para dançar. 
Mas o barulho e movimento hoje não viriam, hoje o sol saiu em meio ao silêncio e ao quebrar das ondas do marzão de Copacabana, Ipanema e Leblon. Cada raio iluminava as favelas que dormiam ali tranquilas, hoje sem hora para acordar, já que era feriado. Os vira-latas passavam preguiçosamente pelas ruas atrás de comida, ruas essas que hoje, mesmo desertas não inspiravam medo, porque aquela hora até os assaltantes dormiam, afinal hoje era feriado, e quem quer acordar cedo no feriado?!
O comércio estava fechado, as escolas e igrejas também, o vento soprava gentil e a vida era boa e doce, pelo menos hoje, que era feriado.
Juliana Meneses 

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