Resenha - "Água de Cabaça" Coletivo Mjiba
O livro "Águas da Cabaça", é da autora, poetiza e representante da cultura negra, Elizandra Souza, que faz parte do "Coletivo Mjiba - Jovens Mulheres Negras em Ação".
Falar de literatura negra ainda fala muito com a invisibilidade que esses autores e autoras sofrem, sobretudo as mulheres que enfrentam diariamente não apenas o racismo mas também o machismo até conseguir levar sua obra ao público e ainda depois disso.
Sabe aquele livro que vai na nossa alma, poesia que fala sobre feminilidade, que toca nos preconceitos enfrentados por tempos e tempos, nos dá esperança, nos dá energia, revigora.
É um livro não apenas inspirador, mas pulsante, não tem como sendo mulher, lê-lo e não se comover, mas nem por isso quem não seja não sentirá também o seu impacto.
Os textos falam sobre amor em diversas formas e modos, fala de sonhos, o que somos, o que sentimos, sobre a vida, sobre as mulheres. É uma obra forte e ao mesmo tempo delicada, que consegue falar de coisas dura e ao mesmo tempo manter a ternura que é preciso para se ter esperança.
A identificação que o livro proporciona é sem dúvida algo muito bonito, cada parte uma força, cada parte uma beleza.
"(in)certeza
Para onde será que a vida escorre?
Quando ela se desperdiça em um dia de sol
Quando ela se afoga em uma noite de mar...
Para onde será que a vida escoa?
Quando a cachoeira desde nas pedras
Quando deixamos a torneira aberta à toa...
Para onde será que a vida goteja?
Quando a abelha beberica pouca flor
Quando a dor parece que não tem fim...
Para onde será que a vida ressoa?
Quando não se sabe se ama ou se perdoa
Quando não se sabe se enlaça ou se voa."
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