Texto Autoral - O Outro

Ninguém conhece ninguém verdadeiramente. Se Fosse possível mergulhar na imensidão de lembranças do outro, ainda assim não bastaria. Se pudesse seguir o outro como um cão obsessivo, indo atrás de cada passo, cada lugar, ainda assim seria pouco. Se pudesse ler pensamentos, reviver as alegrias, rememorar os traumas, ainda assim não seria suficiente. Cada cortina da alma que é gentilmente levantada, revela aos poucos uma parte, como uma odalisca numa dança que vai lentamente despindo seus véus. 
Cada passo na confiança faz cair um véu. A dança vai se aprofundando no imenso mar das emoções e quando nos damos conta já estamos submersos, ali, naquele momento temos a ilusão de achar que desvendamos o mistério. Mas a verdade é que ninguém nunca mostrará o suficiente, mesmo por anos e anos e anos, ainda assim será pouco e num mero estalar de dedos podemos perceber que na realidade nunca soubemos nada verdadeiramente do outro.

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