Texto autoral - conversa afiada

Apesar de me considerar uma pessoa tímida, não sei exatamente como, mas sempre pessoas desconhecidas vêm conversar comigo aonde quer que eu vá, costumo dar corda, amo ouvir histórias, acho até que sou uma boa ouvinte. Hoje numa fila interminável no banco um senhorzinho de blusa xadrez, cabelo e bigode brancos, já na casa dos 80, puxou papo, o que mais chamava atenção era o chapéu marrom bem aprumado que ele usava, parecia saído de um figurino de filme antigo. Papo vai, papo vem, logo ele me conta que ama o Natal, mas estava chateado pq a neta advogada foi mandada embora essa semana do escritório que trabalhava, que o problema dela não era dinheiro, mas sim o modo como ela se sentiu descartada, ele detestava vê-la triste. E que o neto vai se casar com uma menina tatuada que a família toda detesta, menos ele. Segundo ele, a moça é inteligente e desafia os parentes dele, que gostavam mais da última namoradinha do neto, uma menina que ele já não gostava pq não dava opinião sobre nada. Eu ri bastante com o senhorzinho, ele queria minha opinião sobre os problemas da família, falou que quem está de fora vê melhor, não deixa de ser verdade. Quando a filha dele chegou, ele se despediu de mim falando que ia seguir meus conselhos, a senhora o levou embora com um sorriso amarelo e olhando bem desconfiada para mim.

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