Resenha "Lendo Lolita no Teerã" Editora A Girafa

Ser uma mulher nunca foi fácil, o machismo sempre esteve presente em nossas vidas, independente do lugar. Ser uma mulher no Irã nos anos 90 realmente era muito difícil. As mulheres sempre lutaram e lutarão por um mundo mais igual e isso começa no campo das ideias.
Nafisi durante dois anos, todas as manhãs de quinta-feira reunia em sua casa um pequeno grupo de sete mulheres. Juntas, elas discutiam obras de literatura ocidental proibidas no Irã, todas as moças eram suas antigas alunas da universidade onde havia dado aula, que assim como ela, viam naqueles encontros uma espécie de refúgio.
O recato e timidez do início, foi despido conforme o tempo ia passando. Além de literatura, foi florescendo uma profunda amizade entre as moças que confidenciavam fatos de suas vidas privadas, medos, sonhos e pensamentos umas para as outras.
O período conturbado que o país vivia, em meio a revoluções, restrições de direitos civis, torturas, perseguições, acusações sem fundamento e até sentença de morte, eram fatos do cotidiano, por mais que apavorassem a população.
Na tradição do Irã, o escritor possuía um importante papel de influenciar os leitores e sendo assim o que consideravam fora da moralidade cultural/religiosa poderia ser uma influência maligna, devia ser proibida de toda forma; inúmeras obras e autores eram censurados.
As questões culturais e religiosas aparecem em todo o livro, mostrando o choque entre os ensinamentos do Alcorão e o mundo globalizado, as dificuldades de tentar não deixar que as influências ocidentais, principalmente americanas chegassem, o medo que as tradições se perdessem.
O livro é muito inspirador, mostrando uma sociedade onde os direitos das mulheres são ceifados, mas a luta, mesmo que silenciosa, não cessa. Daqueles livros que deveriam ser leitura obrigatória.

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