Texto Autoral - Dias Loucos

Chove, lá fora o frio gela a espinha e o vento forte faz que fechemos os olhos. O mundo corre cada vez mais veloz e a cada instante parece que precisamos ir mais e mais rápido, me nego. Sigo um ritmo balbuciante conforme acho que devo, por vezes chega a beirar o ridículo. Ando pelas ruas e observo a face das pessoas, tantas e tantas atônitas, nem parecem saber do que se trata ou tudo que acontece com o mundo, vivem vidas que não pediram e não sabem o que fazer para fugir da monotonia brutal que as assola dia após dia. O inverno no Rio é visceral esse ano, para padrões de Rio, é claro, as pessoas encasacadas andam de um lado para o outro e não sabem se chegam, já que o medo toma conta a cada instante. 
Parece que os dias de hoje são dias realmente loucos, cada um se isola num casulo tecnológico e quem não sustenta o seu que é dito como louco, fujo disso. Olho nos olhos dos desconhecidos, sorrio e converso, cada gesto mínimo de simpatia hoje é coisa rara, daquelas que você sabe que o sujeito ganhou o dia após aquela singelez. 
Ando pelas ruas e observo tudo, vejo que na selva de pedra o real valor dos pequenos prazeres da vida estão sendo esquecidos, luto por eles.

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