Texto autoral- Hitchcock do metrô

Pego o Metrô, fim de tarde, ao invés das tradicionais caras cansadas vejo uma animação latente naquele vagão cheio. Em pé, ao lado de um tanto de gente, hoje não pego o livro, prefiro ouvir as conversas alheias, um pequeno prazer, oculto. Uma mãe e filho discutem em bom som um pouco atrás, senhorinhas felizes mostram uma a outra, seus celulares com fotos de crianças fofas, um rapaz de fone dança levemente a música que só ele escuta e bem a minha frente um senhor extremamente parecido com Alfred Hitchcock conversa com uma moça sobre o tempo, vejo uma senhora o olhando profundamente, ela faz menção de falar e para, continua observando-o atenta. Alguns poucos minutos depois ela interrompe a conversa e fala, “O senhor sabia que é a cara do Hitchcock?” Ele a olha admirado e já sorrindo pergunta “Como?”, ela repete a frase e ele abre um grande sorriso e agradece, diz que esse era o melhor elogio que ele podia receber, que admirava profundamente o diretor, a senhora feliz concorda com ele e várias pessoas ao redor, no vagão agora lotado, concordam entre si, a vida as vezes parece uma cena de filme. É, recebemos felicidades singelas cotidianas.

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